Músico morreu em casa, no sábado (6), aos 88 anos. João Gilberto foi um dos criadores da bossa nova e enfrentava problemas de saúde havia alguns anos.
Por Carlos Brito e Cristina Boeckel, G1 Rio
Admiradores de João Gilberto cantam “Chega de saudade” no Theatro Municipal
O corpo de João Gilberto foi velado, desde o início da manhã desta segunda-feira (8), no Theatro Municipal, no Centro do Rio.
A despedida emocionada da família e fãs foi encerrada por volta das 14h30 ao som de "Chega de Saudade" e muitas homenagens. O corpo do músico foi enterrado às 16h, no cemitério Parque da Colina, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, onde a família tem um jazigo.
Filhas de João Gilberto, Bebel e Luisa Carolina (juntas ao centro) se emocionam no velório do pai — Foto: Reprodução/TV Globo
Uma das primeiras a chegar à cerimônia foi a atriz Glória Pires. Por volta das 9h30, a viúva do músico, Maria do Céu Harris, de 55 anos, chegou ao local. Bebel Gilberto chegou por volta de 11h50 e foi amparada por amigos. Luisa Carolina, a filha mais nova de João Gilberto também esteve no velório do pai junto com a mãe, a jornalista Claudia Faissol.
Às 10h, o velório foi aberto para que os fãs possam se despedir do músico. Por meia hora durante a manhã, a cerimônia ocorreu apenas para familiares e amigos
Corpo de João Gilberto é velado no Rio de Janeiro
Ao sair de casa para ir o velório, Maria do Céu se emocionou ao lembrar do músico. “Eu quero que o Brasil faça silêncio para ouvir João Gilberto. Que os brasileiros ouçam mais João Gilberto”, disse Maria, chorando.
João Gilberto morreu em casa, neste sábado (6), aos 88 anos. Ele foi um dos criadores da bossa nova. O músico enfrentava problemas de saúde havia alguns anos.
Bebel Gilberto chegou ao velório por volta de 11h50 e foi amparada por amigos — Foto: Ian Cheibub/AFP
Padre Omar faz oração na presença de Luisa Carolina e Bebel Gilberto, filhas de João Gilberto — Foto: Carlos Brito/G1
Amigos e fãs se despedem
Adriana Calcanhoto, que já gravou uma versão de "Bim bom", também prestou sua homenagem.
“Se o João Gilberto não existisse, se não tivesse inventado aquela batida de violão, eu não existiria. Ele representa o Brasil no que existe de melhor.”
Fã do compositor, a médica Fernanda Maia Carvalho está passando férias no Rio, mas fez questão de ir ao velório prestar sua homenagem.
"Somos de Recife e estamos de férias no Rio. Soubemos da morte dele aqui. É estranho porque, para mim, nada representa melhor esta cidade que a Bossa Nova, o estilo que ele criou. É uma pena, uma perda imensa”, lamentou.
A cantora Teresa Cristina também lamentou a morte do músico:
"Hoje perdemos um gigante. Um músico que influenciou muitas das pessoas que me influenciaram. Em tudo - da batida de violão à maneira mais descansada de cantar. Ele está em tudo."
Maria do Céu se despeda de João Gilberto — Foto: Ian Cheibub/AFP
Viúva Maria do Céu Harris no velório de João Gilberto — Foto: Carlos Boeckel / G1
Bebel Gilberto é recebida por amigos no velório do pai — Foto: Carlos Brito/G1
Glória Pires chega ao Theatro Municipal para acompanhar o velório de João Gilberto — Foto: Carlos Brito / G1
Fã de João Gilberto, médica Fernanda Maia Carvalho foi prestar homenagem no velório do músico — Foto: Carlos Brito / G1
No domingo, a viúva de João, Maria do Céu Harris, de 55 anos, saiu do apartamento onde vivia com o músico por volta das 12h. Muito emocionada, ela não quis falar com a imprensa. O corpo do cantor havia sido levado do apartamento da família no Leblon, na Zona Sul do Rio, ainda durante a madrugada.
Bebel Gilberto, filha do músico João Gilberto, chegou ao aeroporto Tom Jobim pouco depois das 12h deste domingo (7). A cantora estava em uma turnê nos Estados Unidos quando recebeu a notícia da morte do pai. Muito emocionada, ela abraçou um homem que a aguardava na área do desembarque. Chorando, Bebel pediu desculpas e disse que não estava em condições de falar.
Amigos falam sobre o cantor e compositor João Gilberto
Pai da bossa nova
João Gilberto Prado Pereira de Oliveira concluiu em 1961 a trilogia de álbuns fundamentais que apresentaram a bossa nova ao mundo: "Chega de saudade" (1959), "O amor, o sorriso e a flor" (1960) e "João Gilberto" de 1961.
O álbum que marcou o início do gênero em 1959, "Chega de saudade", traz a música de mesmo nome composta por Tom Jobim (1927-1994) e Vinicius de Moraes (1913-1980).
A canção havia sido apresentada em um LP em abril de 1958 por Elizeth Cardoso (1920-1990), mas a versão mais conhecida, com a voz de João, foi lançada em agosto do mesmo ano.
João Gilberto nasceu em Juazeiro, na Bahia, em 10 de junho de 1931. O governo do estado declarou três dias de luto pela morte.
Depois de alguns anos morando em Aracaju (SE), onde passou a tocar na banda escolar, voltou à sua cidade-natal e, aos 14 anos, ganhou o primeiro violão do pai.
Depois da consagração, lançou criações próprias e seguiu com shows e discos que se tornaram obras de arte, como é o caso de "Amoroso”, álbum gravado nos Estados Unidos entre 1976 e 1977 sob o selo Warner Music.
O álbum foi relançado no Brasil em formato longo durante os festejos dos 60 anos da Bossa Nova. O álbum celebra o encontro harmonioso do artista brasileiro com o maestro alemão Claus Ogerman (1930 – 2016).
A produção de João foi objeto de uma disputa judicial em 2018. A defesa do cantor pedia uma revisão no valor de uma indenização da gravadora EMI Records, hoje controlada pela Universal Music. Em 2015, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) proibiu a empresa de vender os discos do artista sem seu consentimento. A Universal não comenta o caso.
Velório de João Gilberto é aberto ao público no Theatro Municipal — Foto: Carlos Brito / G1
Corpo do musico chegou ao Theatro Municipal pouco depois das 7h — Foto: Reprodução / TV Globo
Maria do Céu chegou ao velório de João Gilberto às 9h30 — Foto: Carlos Brito / G1
Bebel Gilberto no velório de João Gilberto — Foto: Carlos Brito/G1
Adriana Calcanhoto no velório de João Gilberto — Foto: Carlos Brito/G1
Otávio Miller na saída do velório de João Gilberto — Foto: Carlos Brito/G1
Fontes; G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário