terça-feira, 9 de julho de 2019

O ÚLTIMO DOS MOICANOS



O ÚLTIMO DOS MOICANOS

Com a morte de João Gilberto, o Brasil perde o último talento musical de um tempo de geniais. Um tempo virtuoso
que vem lá dos primórdios do Séc. XX, da semente de Donga
e Pixinguinha: uma geração formando a outra. Um fluxo que
só sofreu interrupção na Ditadura. E a torneira que,
até então, jorrava arte da mais alta linhagem, passou a pingar.
Na extraordinária avalanche de talentos que eclodiu
na década de 50, era proibido ser medíocre. Porém, João Gilberto foi o top da invenção, o dono da chave do novo
caminho que abriria uma enorme clareira da nossa identidade na música do mundo. Dando ao Brasil uma
cor no caleidoscópio, uma importância entre os grandes,
como nunca antes tivéramos.
Numa hora desta, olhando pelo retrovisor da História,
dá para sentir na alma a dor e a dimensão simbólica da
dessa perda, posto que temos a cada dia, descido aos
degraus mais baixos da cultura musical. Chego a
sentir uma certa pena de nós.

Texto de SALGADO MARANHÃO

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