quarta-feira, 24 de julho de 2019

Juiz vê 'fortes indícios' de que presos pela PF se uniram para violar celulares de autoridades







O juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, afirmou que há "fortes indícios" de que os quatro presos em operação da Polícia Federal na terça-feira (23) se uniram para violar sigilo telefônico de autoridades.










A avaliação do juiz consta na decisão que autorizou as prisões. Os quatro detidos são suspeitos de ter invadido celular do ministro da Justiça, Sérgio Moro.





De acordo com o juiz, eles também são investigados por terem invadido os celulares do desembargador Abel Gomes (TRF-2), do juiz federal Flávio Lucas (18ª Vara Federal do Rio de Janeiro), e dos delegados da Polícia Federal Rafael Fernandes (São Paulo) e Flávio Reis (Campinas).





Vallisney afirmou que a PF apresentou um "histórico de possíveis crimes praticados em conjunto pelos quatro" suspeitos.





"Há fortes indícios de que os investigados integram organização criminosa para a prática de crimes e se uniram para violar o sigilo telefônico de diversas autoridades públicas brasileiras via invasão do aplicativo Telegram", afirmou o juiz na decisão.






















DJ, suspeito de invadir celular de Moro, diz que viu mensagem de autoridade com amigo

Estúdio i









DJ, suspeito de invadir celular de Moro, diz que viu mensagem de autoridade com amigo








DJ, suspeito de invadir celular de Moro, diz que viu mensagem de autoridade com amigo







Movimentações 'suspeitas'






Segundo a decisão do juiz, o relatório da PF sobre as investigações demonstra que dois investigados movimentaram, juntos, mais de R$ 627 mil entre março e junho.








De acordo com a PF, o cadastro bancário de um dos investigados mostra que a renda mensal dele era de R$ 2,8 mil. Do outro, segundo a PF, era de R$ 2,1 mil.





"Diante da incompatibilidade entre as movimentações financeiras e a renda mensal [...], faz-se necessário realizar o rastreamento dos recursos recebidos ou movimentados pelos investigados e de averiguar eventuais patrocinadores das invasões ilegais dos dispositivos informáticos (smartphones)", diz o juiz Vallisney de Oliveira.





Na decisão, o magistrado também autoriza o bloqueio de R$ 1 mil nas contas dos quatro investigados. Segundo ele, o pedido do Ministério Público Federal, que desejava bloquear R$ 10 mil de cada um, não pode ser atendido porque trata-se de diferentes investigados e de movimentações "bastante difusas e variadas entre eles".






Modus operandi





Segundo a decisão assinada por Vallisney, as investigações realizadas pela Polícia Federal apontaram que os supostos hackers tiveram acesso ao código enviado pelos servidores do aplicativo Telegram ao celular de Moro para abrir a versão do aplicativo no navegador.





O Telegram permite aos usuários pedirem o código de acesso para a versão web do aplicativo via ligação telefônica, segundo as investigações. Posteriormente, é enviada uma chamada de voz com o código para a ativação do serviço no navegador. Esta mensagem fica gravada na caixa postal das vítimas.





“O invasor então realiza diversas ligações para o número alvo, a fim de que a linha fique ocupada e a ligação contendo o código de ativação do serviço Telegram Web seja direcionada para a caixa postal da vítima”, afirmou Vallisney em sua decisão.






As autoridades que tiveram mensagens expostas disseram que receberam ligações do próprio número.




Por Luiz Felipe Barbiéri e Gabriel Palma, G1 e TV Globo — Brasília



















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