Uma das festas religiosas mais tradicionais do Maranhão, a Festa do Divino Espírito Santo em Alcântara, com passeata pelas ruas e levantamento do Mastro da Imperatriz. O mesmo aconteceu em São Luís, onde a programação será realizada na Casa das Minas e na Casa de Nagô, ambas localizadas no bairro Madre Deus. Incluída no calendário religioso de terreiros de tambor de mina, a tradicional programação da festa atrai curiosos de diversas capitais do Brasil e do mundo. As primeiras manifestações ligadas à festa começaram no início do mês de maio e terá prosseguimento hoje com os rituais que, conforme reza a tradição, marcam sua abertura oficial. O ápice, no entanto, será no Domingo de Pentecostes, ou seja, 50 dias após a Páscoa, mais precisamente em 8 de junho, quando todas as atividades serão encerradas. Apesar das programações definidas, a festa avança até o fim do ano, pois é realizada também em outras casas de culto afro, tanto na capital, quanto no interior do estado. Na capital, os rituais de hoje acontecerão na Casa das Minas e na Casa de Nagô. O mastro é um tronco de árvore decorado com comidas e bebidas. Ele é levado pela população pelas ruas e hasteado com a bandeira do Divino Espírito Santo. Após o levantamento do mastro, as visitas ao Império serão iniciadas, bem como as missas, ladainhas e cerimônias. O encerramento será com a derrubada do mastro até o fechamento da Tribuna, com o Carimbó de Caixeiras, segundo informou Sebastião Cardoso, diretor do Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho. Conforme a tradição, toda a festa do Divino Espírito Santo gira em torno do Império ou Reinado. Crianças representando a Corte Imperial usam trajes de nobres e são tratadas como tais durante os dias da festa. O Império do Divino se estrutura de acordo com a hierarquia, no topo da qual estão o imperador ou a imperatriz. Abaixo, posicionam-se os mordomos-régios e as mordomas-régias, além do mordomo-mor e da mordoma-mor. Este ano, não obstante, é o ano da imperatriz. Alcântara – Em Alcântara, o trono está sob a guarda da senhora Kátia Maria dos Anjos Pereira, representada pela menina Lívia Maria Amorim Santos. A festa acontece em frente à Tribuna, em um salão que representa o Palácio Real, especialmente decorado para este fim. A abertura e o fechamento desse espaço marcam o começo e o término do festejo. Durante esse período, desenvolvem-se diversas etapas, formando um conjunto de simbologias que completam o ritual religioso, cuja durarão será de 15 dias. O culto ao Divino Espírito Santo iniciou-se na cidade de Alenquer (Portugal), no século XIII, por iniciativa da rainha Dona Isabel, devota do Espírito Santo. No Brasil, essa tradição começou no século XVI. No Maranhão, teve início por volta do século XVIII, em meados do século XIX. A tradição da festa do Divino está firmemente enraizada entre a população da cidade de Alcântara, de onde teria se espalhado para o resto do estado, tornando-se muito popular entre as diversas camadas da sociedade. A cada ano, ao final da festa, imperador e imperatriz repassam seus cargos aos mordomos que os ocuparão no ano seguinte, recomeçando o ciclo. No Maranhão, entre os elementos mais importantes da festa do Divino estão as caixeiras: senhoras devotas que cantam e tocam caixa acompanhando todas as etapas da cerimônia. As caixeiras no Maranhão são, em sua maioria, mulheres negras com mais de 50 anos. Elas são portadoras de uma rica tradição, que se expressa nas cantigas que pontuam cada uma das etapas da festa. A festa em São Luís está associada não só ao Espírito Santo, mas também a outros santos católicos e de casas de culto afro-maranhenses. O culto é marcado pelo sincretismo religioso. A tradição trazida pelos portugueses recebeu contribuições das culturas indígenas e, principalmente, africanas. Joel Jacinto
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